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  Viagem no primeiro veículo 100 por cento autónomo em PT
  [2019-5-17] 

  Está desde quarta-feira em testes e, se tudo correr como a câmara municipal de Cascais espera, ligará brevemente a estação de Carcavelos à Nova School of Business and Economics. É o primeiro veículo 100% autónomo, a circular sem condutor, e a equipa técnica atribui-lhe qualidades de inteligência.

Quem desde esta quarta-feira tiver passado pela entrada principal da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, a Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, poderá já ter tido oportunidade de ver o primeiro veículo 100% autónomo a circular em Portugal. É que desde esse dia este transporte tem estado em testes a percorrer o curto percurso de cerca de 700 metros que liga a universidade à rotunda da Quinta de São Gonçalo.

Quando for integrado na rede de transportes – que depende da homologação pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) - este veículo autónomo, que é uma das peças da estratégia para a mobilidade definida pela câmara municipal de Cascais, vai ligar a estação de Carcavelos à universidade, num percurso de ida e volta de cerca de 4 quilómetros. A viagem inaugural ocorre esta sexta-feira de manhã.

Entramos no veículo estacionado à frente da entrada principal da universidade acompanhados pelo presidente da câmara municipal de Cascais, Carlos Carreiras, e de técnicos ligados ao projeto. Este míniautocarro, que usa as cores verde e branca do programa de mobilidade da autarquia – o Mobi Cascais -, está capacitado para entre 12 a 15 pessoas e anda à velocidade de 20 a 25 quilómetros por hora. O percurso até à rotunda da Quinta de São Gonçalo é feito de forma tranquila e na comitiva que vai no transporte não se vislumbra qualquer receio. Ou, pelo menos, se o há ninguém o demonstra, graceja Carlos Carreiras.

O veículo percorre a faixa própria que lhe está destinada - paralela à avenida onde circulam os automóveis que entram e saem da Marginal – um “espaço canal próprio onde foi instalada tecnologia de ponta”, nas palavras da câmara municipal. A dado momento afrouxa a marcha porque deteta um obstáculo – do lado esquerdo estão três trabalhadores com coletes amarelos numa pequena obra, muito próximos da faixa onde circula e o veículo abrandou porque “percebeu” que ali estava algo imprevisto. Faz um pequeno desvio na faixa, subindo ligeiramente o passeio desimpedido, para chegar ao fim do percurso, iniciando de imediato o regresso para a entrada principal da universidade.

O diálogo que se desenrola entre a equipa que está no veículo atribui-lhe qualidades de “inteligência”: passa por frases como “ele parou porque percebeu que estava ali alguma coisa” ou “ele abrandou para ver o que se estava a passar”.

Carlos Carreiras explica ao Expresso que, apesar de este veículo autónomo ser apenas uma pequena parte da estratégia de mobilidade em curso no concelho de Cascais, se tudo correr como previsto, a câmara vai levá-lo para outros circuitos da mesma dimensão. A ideia é assim replicar este modelo noutras localidades do concelho – colocando-as “como se estivessem no centro da vila, da urbe”. “Já no Plano Diretor Municipal, em 2015, foram criados espaços canais para permitir que este tipo de mobilidade possa aí ocorrer”, acrescenta Carlos Carreiras.

A câmara tem a expectativa de receber a homologação do IMT até ao final do ano. Se assim for, é provável que o valor de cada viagem seja de um euro, o valor aplicado nas viagens no âmbito do programa de mobilidade Mobi Cascais. Se resvalar para o próximo ano, então deverá ser grátis. É que a câmara de Cascais vai tornar gratuito o transporte rodoviário a partir de 2020.

“O primeiro-ministro criou um grupo específico com as autoridades de transportes para ir removendo os obstáculos do veículo autónomo, o que nos permite ter ambição de continuar a inovar”, refere Carlos Carreiras.

Comentando a estratégia para a mobilidade definida para o concelho, o autarca é pragmático, assumindo que a transição do transporte individual para o transporte público, que Cascais está a incentivar, é uma mudança que demora o seu tempo e que não pode ser definida por decreto nem à força. Carreiras defende que têm de ser criadas as condições para que as pessoas percebam que é mais vantajoso andar de transportes públicos do que de transporte individual - mais barato, mais amigo do ambiente e mais confortável.

O veículo autónomo não tem ainda um nome. Representa um investimento de 500 mil euros com 5 anos de manutenção incluídos.

in sítio do Expresso